Ópera Oblíqua

Mzuri Sana = Parteum, Secreto e Suissac.

11.24.2006

Apenas uma prova da existência da Tradição Machadiana


Terezinha Barbieri, analisando “uma vertente da ficção brasileira dos anos oitenta” do século vinte, presente em obras que mantêm um “diálogo com a História”, reconhece nelas uma continuidade da “tradição machadiana” de “conceber universos ficcionais na confluência de fatos reais com fatos imaginários” (BARBIERI, 1995, p. 108). Ou seja, uma tradição cuja proposta seria precisamente o entrelaçamento dos campos da História e da ficção, que não seriam, deste modo, excludentes.
A dimensão cética, reconhecidamente encerrada no texto machadiano, talvez seja o elemento responsável pela sua “atemporalidade”, que lhe confere um caráter contemporâneo e, por isso, sempre atual. Como visto, o ceticismo parece ter-se mantido alheio, ao longo dos séculos, à “disputa discursiva”, ou disputa pela hegemonia da palavra, fundamentada, basicamente, no dualismo do pensamento platônico-aristotélico, que promove a separação entre “essência” e “aparência”, entre “verdade” e “mentira”, entre “realidade” e “ficção”, entre “mundo real” e “mundo do como se”, ou como quer que se apresente tal dicotomia em suas várias terminologias. Assim, mantendo um distanciamento da visão dicotômica do pensamento ocidental, quer de natureza ontológica ou sofística,8 a obra machadiana, calcada numa visão cética, admitiria o imbricamento entre História e Literatura, cuja “disputa discursiva” não seria de modo algum alvo de suas preocupações. Como observa Terezinha Barbieri, comentando a relação entre História e literatura, na ficção de Machado de Assis:
A História não constitui barreira à imaginação do ficcionista, nem ela se anula com a intromissão desta. Na verdade, as relações da História com a ficção é confronto de pergaminho contra pergaminho, pois a História não começa nos fatos mas na palavra escrita. (BARBIERI, 1995, p. 107)

1 Comments:

At 12:39 PM, Anonymous Anonymous said...

Rap falar de Machado de Assis não pode. Alta Cultura? Tem algo de muito preconceituoso na crítica. Não desanimem, Mzuri Sana!

 

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